quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Diferentes


   Nosso povo, diferentemente dos americanos, não se identifica com a inconcebível abstração que é o Estado. O Estado é impessoal: nós só concebemos relações pessoais. Por isso, para nós, roubar dinheiro público não é crime. Somo indivíduos, não cidadãos. Os filmes de Hollywood repetidamente narram o caso de um homem (geralmente um jornalista) que procura a amizade de um criminoso para depois entregá-lo à polícia: nós, que temos paixão da amizade, sentimos que esse "herói" dos filmes americanos é um incompreensível canalha.
   As palavras que acabei de pronunciar podem parecer referir-se a nós, brasileiros. E não tenho dúvida de que, se dita hoje por um brasileiro diante de brasileiros, podem causar certo mal-estar, a despeito da encantadora elegância com que estão dispostas. Na verdade, são palavras de uma argumentação sobre o caráter argentino a que Jorge Luis Borges recorreu mais de uma vez, com a ressalva: " Comprovo um fato, não justifico ou desculpo". Se decidi abrir esta conversa repetindo aquelas palavras de Borges, não foi para criar na sala esse mal-estar. Se o fiz, foi para ressaltar o risco que todos corremos - todos nós que falamos em nome de países perdedores da História - de tomar mazelas decorrentes de subdesenvolvimento por virtudes de nossas nacionalidades.
   De fato, se olharmos tal texto de uma perspectiva brasileira hoje, na mesma medida em que nos identificamos com o retrato que ele nos oferece, repudiamos o conjunto que ali nos é apresentado e, sobretudo, as observações específicas de que não somos cidadãos e de que, em nosso íntimo, roubar dinheiros públicos não constitui crime. O que nos parece sinistro é o fato de vermos a nossa incapacidade para a cidadania guindada à condição de contrapartida de uma bela vocação individualista, de uma quase nobre rejeição dessa "inconcebível abstração" que é o Estado.
(Adaptado de Caetano Veloso "Diferentemente dos americanos do Norte". 
O mundo não é chato. São Paulo: Cia. das Letras, 2005. p.42-43)

Eu fico cansado de ver a maldade no meio da rua.
Aqueles que ganham a vida daqueles que perdem as suas.
É gente que quer o mal pra gente que faz o bem.
É gente de dignidade que vive com medo de quem não tem.


Diziam que eram coitados, amordaçados pela censura.
Agora, desfilam nas bancas e imprimem a própria ditadur.a
Pobre de ti, Betsaida!
Ai de ti Corazim!
Dessa nossa garganta, virá o juízo do teu fim.
(Banda Resgate - "A hora do Brasil")



A nossa sociedade se tornou uma Gadara da época de Cristo. 
Essa música combina com o texto e nos faz refletir também.

sábado, 2 de junho de 2012

CONTRA O AMOR NÃO EXISTEM ARGUMENTOS


Segundo o dicionário Aurélio, GOSTAR significa achar bom, ter prazer em algo, ter afeição, simpatizar, etc. PAIXÃO é afeto violento (amor ardente), sofrimento, martírio, cuidado, etc. Já AMOR é um sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração, disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém, grande dedicação ou cuidado, dar importância, entre outras definições.

É fácil achar pessoas que utilizam dessas palavras hoje em dia, sem saber o que elas realmente significam.  Quando se gosta de algo é óbvio que o cuidado com ela existe, só que como (nós) o Homo Sapiens é sujeito a falhas, depois de um tempo o que era tão prazeroso se torna inútil e vai parar na lata do lixo.

O que acontece com a paixão não é tão diferente. Achar algo ou alguém que deixe os sentimentos em êxtase é fácil, porém no final sempre vem o sofrimento, simplesmente por que o afeto violento, uma hora se torna somente um gostar. A animação inicial passa e tudo volta ao normal. Assim depois de um tempo a paixão é esquecida.

Mas o amor, ah o amor! Esse sim ninguém consegue argumentar contra, esse protege, conserva, faz bem e mostra qual é a verdadeira importância da vida. O amor é eterno, simplesmente por não deixar que nada tire o afeto, que é destinado para aquilo que muda a vida de qualquer um. Pode machucar, mas nunca é esquecido, sempre retorna e traz mais felicidade que da última vez.

É indiferente “o que” ou “a quem” o amor está presente, também é fato que ele faz bem e sem ele o resto não existiria. Pois cedo ou tarde cansaríamos de só gostar, de só apaixonar, sempre sendo temporal e nunca eterno. Mas a vida é ótima, se não perfeita, com quem deixa o amor prevalecer e entende o que o amor pode fazer.

“Amor não mata,
Constrói,
Em cima da solidão e do vazio,
Enchendo o que estava seco,
E preenchendo de alegria o coração.” – R.L.

terça-feira, 15 de maio de 2012

VERDADEIRA RIQUEZA


Era a última aula, estavam todos cansados, a única coisa que nos prendia na carteira era a matéria de geografia que seria muito importante. Canadá, essa era a aula de hoje, não poderia ser outra coisa? (me perguntei). Não esperava muito desse meu último compromisso, até ouvir algo que muda conceitos ao redor do mundo e transforma aqueles que aceitam isso, como máxima verdade.

“A MAIOR RIQUEZA DE UMA NAÇÃO É O SEU POVO”- Profº Omar. Parece que essa frase não tem nada de mais, até você entender o que ela diz e como ela é dita.

Estamos começando o período eleitoral em todos os cantos do país, sabemos bem o que está acontecendo em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, nas cidades “grandes” em geral. Mas e os outros lugares? Ficarão abandonados e marginalizados pela imprensa, que provavelmente vai apoiar um partido e o outro que se dane? Democracia? Puf! Isso existe mesmo? Talvez em outro planeta.

Falar de problemas políticos é chover no molhado e soa como arrogância querer chegar impondo teorias e coisas do tipo em época de eleição. Mas isso não tem nada a ver com o que eu realmente quero escrever.

O que nós estamos colocando como GRANDE RIQUEZA do país? A resposta certa é TUDO, menos o próprio povo. SIM!!! Aquele que deveria e é a maior riqueza, muitas vezes é tratado como lixo ambulante. Desconheço qualquer pessoa que nunca tenha pré-julgado alguém erroneamente, pelo menos uma vez na vida. Não sou um playboyzinho falso moralista, tenho minhas origens e nunca vou esquecer ela. Mas e ai!? Quando vamos deixar de ser hipócritas e ver que o POVO É A MAIOR RIQUEZA DO BRASIL!!!

Pense bem nos candidatos que estão ai esse ano, entenda o que eles estão propondo. Se ninguém vos agrada, VOTE NULO e não dê a vitória de mão beijada para um ser qualquer por ai.

Na história Judaica, Neemias foi um homem muito importante para o seu povo. Ele era servo de um rei estrangeiro e quando soube o estado que o seu país se encontrava, se compadeceu e sentiu a dor de ver o seu lugar de origem destruído e o seu povo disperso. Ele pediu permissão para o rei, que lhe concedeu, e foi até a sua nação para reerguê-la. Neemias não fez nada sozinha, mas liderou e apesar de muitos tentarem impedi-lo, ele nunca desistiu e conseguiu o que queria.

O VOTO É MUITO IMPORTANTE, SE NÃO TIVERMOS CERTEZA DO QUE QUEREMOS NÃO PODEREMOS COBRAR DEPOIS. VOTO DE PROTESTO É NULO E NÃO EM PALHAÇOS. VAMOS MOSTRAR QUAL É A RIQUEZA DO BRASIL, UM VOTO PODE MUDAR TUDO. ( *parece até campanha de tv né! rs)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

ESCREVA A SUA HISTÓRIA - Apreciação



É bem difícil ler livros, ainda mais se forem sobre apreciação crítica e jornalismo político, entre outros, se não entende quase nada do assunto ou o conhecimento é bem ralo.

Por isso as novas gerações andam lendo romances em geral românticos e de ficção, por serem de fácil compreensão e sem hipocrisia, são ótimos para passar tempo. Mas eles vão aportar algo? (Além de ganhar um pouco de conhecimento em semântica e até melhorar razoavelmente o português). Difícil.

Um fato inevitável é, nós temos que ler e apreciar o que estamos lendo e buscar entender ao máximo aquilo que é novo para nós. É difícil ler um livro com um dicionário na mão, eu não faço isso, mas as vezes é necessário utiliza-lo. Como também é de extrema relevância, quando se quer crescer em determinada área, estudar e ter que ler livros didáticos. Existem vários meio de ganhar o conhecimento, porém esse é o mais rápido e mais prático.

A praticidade é sim essencial no nosso quotidiano, mas na hora de ganhar conhecimento é necessário também um mestre instruído e que conheça diferentes caminhos para nos ensinar o que queremos. A dinâmica hoje é muito importante, se o nosso desejo é ter um sistema público de ensino bom, por exemplo, temos que procurar essa dinâmica que vai captar o interesse das crianças e assim o professor vai se sentir confortável para dar aula e o sistema vai crescer em qualidade e resultados.

O que todas essas coisas tem a ver com a música? TUDO. Ler livro é como ouvir música, ver TV, conversar e estudar. Existem os bons e os “ruins” (depende do gosto de cada um), os que aportam mais tecnicamente e outros que são só passa tempos. Na música também temos que ouvir coisas que vão servir para entretenimento e músicas para melhorar a técnica que desejamos ter. Temos que treinar para obtê-los e a dinâmica do mestre ajuda a alcançar o caminho desejado. Pois bem, o Sistema não vai mudar de uma hora pra outra, a diferença começa em nossas atitudes e um dia talvez as próximas gerações nos tome como exemplo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

VIOLA CAIPIRA - ensinos do meu bisavô



A famosa viola azul.






Não foram poucas as vezes que ouvi o som, quando era criança, das violas caipiras e dos violões, enchendo os cômodos da casa dos meus avós. Na maioria das vezes eu estava correndo, pulando, brincando ou até mesmo deitado no sofá. Mas nunca vou esquecer aqueles dias e principalmente a reluzente viola azul do meu bisavô.







Muito tempo se passou, viajei, me mudei pra bem longe e nunca mais tive aqueles momentos tão perto de mim. Minha vida mudou e tudo em volta dela também. É como se um novo eu houvesse surgido, mas sem nunca esquecer o meu velho eu. 
Aquelas ruas, que antes eu corria e brincava descalço, agora são estranhas e muitas vezes perigosas pra mim; caminhos se tornaram irreconhecíveis e as pessoas que ali estão igualmente. Mas, mesmo que tudo mude, não vou deixar de lembrar as pequenas rodas de moda caipira que cantavam por lá.

Como é doce lembrar-se desses dias e depois de muitos anos poder tocar, sim, uma nova geração surgiu, um novo enredo se formou, mas a tradição nunca se apagou. A viola azul ainda ressoa um som maduro que somente quem conhece a sua história sabe como é. Apesar de tudo ter se transformado, quando pego nela, tudo ainda parece igual. 

Porém as mudanças ocorreram e vão deixar saudades, a casa de meus avós hoje não tem mais aquelas festonas e churrascões com muita gritaria e risadas. As viagens para o Paraná não são mais tão frequentes, porém de lá, grandes recordações ainda são remanescentes de tempos áureos em que os problemas não eram tão correntes.

Não digo que hoje minha vida seja um caos, mas que quando olho para a “VIOLA AZUL” lembro do quanto eu era feliz e não me importava com o que o mundo dizia de mim. Almejo um dia poder sentir o mesmo, pode até parecer uma utopia, mas nunca é cedo de mais pra sonhar.

Meu vô, meu tio-avô e meu bisavô tocando moda de viola.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Amigo é assim - Jobim e Saraceni


Saraceni e Jobim - 1960
RIO DE JANEIRO - Paulo Cezar Saraceni, morreu no fim de semana aos 78 anos, foi o cineasta mais pobre que já existiu. Não ligava para dinheiro, não acreditava em dinheiro e, não se sabe como, conseguia fazer filmes sem dinheiro. Aliás, sabe-se, sim. Os amigos acreditavam em seus filmes, cachê era o de menos. Esses amigos eram Leila Diniz, Raul Cortez, Marília Pêra, Ney Latorraca, Hugo Caravana, muitos outros mais - e Antonio Carlos Jobim.
    Em 1962, antes da explosão de "Garota de Ipanema", os americanos já viam em Jobim o homem de "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só". Para construir sua carreira nos EUA, bastava que ele fosse para lá.    
    Pois, justo naquele ano em que estava pronto para conquistar o mundo, Tom, num papo casual com Saraceni, provavelmente no Veloso, em Ipanema, ofereceu-se para fazer uma canção para o filme que o amigo estava rodando, chamado "Porto das Caixas". Ofereceu porque gostava de Saraceni. Dali nasceu "Valsa de 'Porto das Caixas'", uma das peças mais bonitas e delicadas da obra de Tom.
     Em 1963, com "The Girl from Ipanema" nas paradas e Tom já em Nova York, Hollywood começou a jogar milhões sobre ele para que musicase seus filmes. Tom os recusou, um a um -entre estes, "A pantera Cor de Rosa", naquele ano. e "Um Caminho para Dois", em 1967. Os dois foram para Henry Mancini, que não se importava de fazer o que Tom não faria. "O galã toma o carro e ouve-se uma musiquinha de dez segundos. O galã chega e ouve-se outra musiquinha de dez segundos. Mas isso não é música", Tom dizia.
    Veloso, 1970, Tom e Saraceni à mesa. Saraceni fala de seu novo filme "A Casa Assassinada". E Tom oferece-lhe outra canção- que seria "Crônica da Casa Assasinada", lançada no filme e depois ampliada e incluída por Tom no disco "Matita Perê". AMIGO É ASSIM.

(Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 18.04.2012)  


Paulo Cezar Saraceni (1993 - 2012 )


Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994)


TRIBUTO A DUAS GRANDES PERSONALIDADES DA ARTE BRASILEIRA.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Fotógrafo e a perigosa foca leopardo.

Faz tempo que não escrevo nada e a razão desse desleixo é que não tenho tempo suficiente pra isso. Mas tentarei escrever mais, não só pra vocês.

Nas minhas andanças pela surface, eu entrei no blog CHONGAS (clica ai pra entrar no blog) e vi uma matéria muito legal. É uma história no mínimo curiosa para todos, ainda mais para Paul Nicklen que há viveu.

Ele (Paul Nicklen) trabalha para a revista National Geographic e o novo trabalho que deveria realizar era ir para a Antártica e fotografar o maior numero de focas leopardos, que são bem perigosas por sinal.


Ele entrou na água, com medo, nadou até uma foca leopardo gigante e não demorou muito a foca se aproximou dele e tentou abocanhar a câmera ( o tamanho da cabeça dela é duas vezes maior que a de um urso).


Depois do ataque, um comportamento bem diferente começou a ser percebido. Ela saiu e voltou com um pinguim, tentando alimenta-lo trazendo um pinguim atrás do outro. Como o fotografo não iria comer os pinguins, como estavam vivos, saiam nadando e a foca o olhava sem acreditar que havia deixado a refeição ir embora.


Depois de "rejeitar" os pinguins vivos, Paul acredita que a foca leopardo possa ter pensado que ele estava machucado, fraco e que estava morrendo de fome, portanto não estava conseguindo comer os pinguins vivos.


Então ela ( a foca ) começou a trazer pinguins mais fracos, e até alguns mortos. Depois começou a "ensina-lo" a comer, partindo os pinguins em pedaços e tentando empurrar os pedaços dentro da câmera.


Paul Nicklen terminou a jornada dele de 4 dias tendo um dos maiores predadores da Antártica cuidando e tomando conta dele, sendo, incrivelmente, uma das experiências mais incríveis de sua vida.


A National Geographic produziu um vídeo que esta em inglês, contando por Paul, essa história que surpreende a todos.